O Jacaré estava na lagoa aproveitando o fim da tarde. Estava com um pouco de sono e deu um longo bocejo, fechando seus olhões e abrindo sua gigante boca. Quando terminou e abriu os olhos, porém, avistou um gato, na beira da lagoa, que tomava banho de modo muito sereno.
— Ei, por que você tá aqui? Por que você não foi embora? — disse o Jacaré, surpreso, para o gato laranja.
— O quê? Como assim? — perguntou o gato.
— Todo mundo que chega perto de mim vai embora, porque tem medo de ser engolido pelos meus dentões — explicou o Jacaré, e sua expressão ficou um pouco triste. — Você é a primeira pessoa, digo... Você é o primeiro animal que chegou até aqui.
— Ora, mas por que eu teria medo de você? — O gato perguntou, confuso.
— Por quê? Porque eu sou um jacaré! O que é um gato perto de um jacaré?
— É, mas você é um jacaré dentro de um livro! Aqui, você não controla nada. Não tem por que ter medo de você. Seus dentes são tão pequeninos dentro dessa folha, e eu sou quase do seu tamanho, dá só uma olhada! — O gato se levantou e ficou pertinho do Jacaré, que se assustou um pouco. Realmente, naquele espaço pequeno, eles tinham quase o mesmo tamanho.
— Espera! Livro?! Você quer dizer aquelas páginas de papel? A gente mora em um?!
O Jacaré já tinha visto um livro na mão de um humano uma vez, mas quando tentou ver mais de perto, com a boca aberta de surpresa, o humano saiu correndo. Então, nunca mais viu nada igual. Não sabia que existia isso de morar em livro. E também não sabia que morava em um.
— Sim! E os livros também têm letras, e essas letras formam palavras, que formam frases, que formam histórias... Eu costumo ler muitas histórias, até escrevo umas. Alguém está escrevendo essa, inclusive.
— Quem? — perguntou o Jacaré.
— Ora, eu vou lá saber! Eu só sei de uma coisa: nos livros, tudo é possível.
— Tudo? Tudo mesmo?
— Sim! Por exemplo, a gente tá aqui, falando. Você acha que jacaré sabe falar na vida real? Aqui é uma realidade diferente.
— É, acho que não. Também nunca vi gato falar.
— Pois é! Aqui é um mundo de faz de conta. Se você souber ler, tudo é possível.
— E se você souber escrever? — questionou o Jacaré.
— Aí, é mais possível ainda! Porque aí você cria suas próprias histórias... E você pode criar o que quiser! Basta pensar direitinho, escrever um pouco aqui e ali... É bem legal.
— Puxa... Parece ser legal mesmo. Mas tem um problema, senhor gato.
— O quê?
— É que eu não sei ler, sabe, nem escrever — falou o Jacaré, meio nervoso. — Acho que não dá pra fazer nada assim.
— Eu posso te ensinar a ler e a escrever também! Logo logo você tá aí, escrevendo seu nome — disse o gato, dando um enorme sorriso. — Espera, você tem um nome, não é?
— Não... — respondeu, envergonhado.
— A gente pode arranjar um pra você. Enfim, eu te ajudo e aí você vai escrever muitas histórias, tá? — O gato se levantou e foi pra bem pertinho do Jacaré.
— Eu posso escrever sobre o que eu quiser? — indagou o Jacaré.
— Sobre o que você quiser — respondeu o gato.
— Sobre o amor?
— Sobre o amor, sobre a tristeza e sobre tudo o que você acha interessante também. Você quer?
E o Jacaré concordou com a cabeça, animado.
...
Depois de alguns meses conversando, o senhor gato conseguiu alguns livros e apostilas para o Jacaré, que agora se chamava José, apelido de Zé, nome dado por ele mesmo. Ele gostou desse nome porque o viu em um livro. Zé gostava de vários nomes porque leu muitos e muitos livros, mas achou que esse combinava mais com ele.
Todo dia o senhor gato e o Jacaré Zé estudavam juntos. O senhor gato cantava o alfabeto e fazia Zé escrevê-lo, repetindo o som das letras e formando palavras que vinham em sua cabeça. Uma vez, ele conseguiu escrever uma frase.
"Gosto de você".
Era uma frase pro senhor gato e pra sua mamãe. Quando terminou de escrever, Zé Jacaré sorriu, e seus dentes ficaram bem à mostra, mas não era nada assustador. Ele ficou feliz demais por poder colocar seus pensamentos assim, em forma de palavrinhas numa folha de papel. Entregou um bilhetinho pro senhor gato e um pra mamãe.
— Eu também gosto de você, Zé — disse o senhor gato.
— Eu também gosto de você, meu filho — disse a mamãe de Zé.
Mas Zé não parou por aí. De frases, passou a escrever textos, que viraram contos, que viraram livros bem grandões, alguns pequenininhos também, como esse. E Zé virou um escritor muito famoso na lagoa, todo mundo queria aprender a ler só pra poder apreciar suas histórias.
Afinal, será que essa história foi escrita também por Zé Jacaré?
Escrito por Lilian R. Oliveira.
Propostas de atividades:
1) Pedir para os alunos escreverem uma história que o Zé Jacaré iria gostar de ler;
2) Pedir para os alunos escreverem um conto, como se fosse escrito pelo Zé Jacaré;
3) Pedir para as crianças desenharem a parte que mais gostaram da história;
4) Levantar perguntas de interpretação de texto sobre a história lida.
O texto e conteúdo dessa postagem são totalmente autorais. O conto e as propostas de atividades podem ser usados livremente, desde que mantenha os créditos da obra.
— Ei, por que você tá aqui? Por que você não foi embora? — disse o Jacaré, surpreso, para o gato laranja.
— O quê? Como assim? — perguntou o gato.
— Todo mundo que chega perto de mim vai embora, porque tem medo de ser engolido pelos meus dentões — explicou o Jacaré, e sua expressão ficou um pouco triste. — Você é a primeira pessoa, digo... Você é o primeiro animal que chegou até aqui.
— Ora, mas por que eu teria medo de você? — O gato perguntou, confuso.
— Por quê? Porque eu sou um jacaré! O que é um gato perto de um jacaré?
— É, mas você é um jacaré dentro de um livro! Aqui, você não controla nada. Não tem por que ter medo de você. Seus dentes são tão pequeninos dentro dessa folha, e eu sou quase do seu tamanho, dá só uma olhada! — O gato se levantou e ficou pertinho do Jacaré, que se assustou um pouco. Realmente, naquele espaço pequeno, eles tinham quase o mesmo tamanho.
— Espera! Livro?! Você quer dizer aquelas páginas de papel? A gente mora em um?!
O Jacaré já tinha visto um livro na mão de um humano uma vez, mas quando tentou ver mais de perto, com a boca aberta de surpresa, o humano saiu correndo. Então, nunca mais viu nada igual. Não sabia que existia isso de morar em livro. E também não sabia que morava em um.
— Sim! E os livros também têm letras, e essas letras formam palavras, que formam frases, que formam histórias... Eu costumo ler muitas histórias, até escrevo umas. Alguém está escrevendo essa, inclusive.
— Quem? — perguntou o Jacaré.
— Ora, eu vou lá saber! Eu só sei de uma coisa: nos livros, tudo é possível.
— Tudo? Tudo mesmo?
— Sim! Por exemplo, a gente tá aqui, falando. Você acha que jacaré sabe falar na vida real? Aqui é uma realidade diferente.
— É, acho que não. Também nunca vi gato falar.
— Pois é! Aqui é um mundo de faz de conta. Se você souber ler, tudo é possível.
— E se você souber escrever? — questionou o Jacaré.
— Aí, é mais possível ainda! Porque aí você cria suas próprias histórias... E você pode criar o que quiser! Basta pensar direitinho, escrever um pouco aqui e ali... É bem legal.
— Puxa... Parece ser legal mesmo. Mas tem um problema, senhor gato.
— O quê?
— É que eu não sei ler, sabe, nem escrever — falou o Jacaré, meio nervoso. — Acho que não dá pra fazer nada assim.
— Eu posso te ensinar a ler e a escrever também! Logo logo você tá aí, escrevendo seu nome — disse o gato, dando um enorme sorriso. — Espera, você tem um nome, não é?
— Não... — respondeu, envergonhado.
— A gente pode arranjar um pra você. Enfim, eu te ajudo e aí você vai escrever muitas histórias, tá? — O gato se levantou e foi pra bem pertinho do Jacaré.
— Eu posso escrever sobre o que eu quiser? — indagou o Jacaré.
— Sobre o que você quiser — respondeu o gato.
— Sobre o amor?
— Sobre o amor, sobre a tristeza e sobre tudo o que você acha interessante também. Você quer?
E o Jacaré concordou com a cabeça, animado.
...
Depois de alguns meses conversando, o senhor gato conseguiu alguns livros e apostilas para o Jacaré, que agora se chamava José, apelido de Zé, nome dado por ele mesmo. Ele gostou desse nome porque o viu em um livro. Zé gostava de vários nomes porque leu muitos e muitos livros, mas achou que esse combinava mais com ele.
Todo dia o senhor gato e o Jacaré Zé estudavam juntos. O senhor gato cantava o alfabeto e fazia Zé escrevê-lo, repetindo o som das letras e formando palavras que vinham em sua cabeça. Uma vez, ele conseguiu escrever uma frase.
"Gosto de você".
Era uma frase pro senhor gato e pra sua mamãe. Quando terminou de escrever, Zé Jacaré sorriu, e seus dentes ficaram bem à mostra, mas não era nada assustador. Ele ficou feliz demais por poder colocar seus pensamentos assim, em forma de palavrinhas numa folha de papel. Entregou um bilhetinho pro senhor gato e um pra mamãe.
— Eu também gosto de você, Zé — disse o senhor gato.
— Eu também gosto de você, meu filho — disse a mamãe de Zé.
Mas Zé não parou por aí. De frases, passou a escrever textos, que viraram contos, que viraram livros bem grandões, alguns pequenininhos também, como esse. E Zé virou um escritor muito famoso na lagoa, todo mundo queria aprender a ler só pra poder apreciar suas histórias.
Afinal, será que essa história foi escrita também por Zé Jacaré?
Escrito por Lilian R. Oliveira.
Propostas de atividades:
1) Pedir para os alunos escreverem uma história que o Zé Jacaré iria gostar de ler;
2) Pedir para os alunos escreverem um conto, como se fosse escrito pelo Zé Jacaré;
3) Pedir para as crianças desenharem a parte que mais gostaram da história;
4) Levantar perguntas de interpretação de texto sobre a história lida.
O texto e conteúdo dessa postagem são totalmente autorais. O conto e as propostas de atividades podem ser usados livremente, desde que mantenha os créditos da obra.
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